quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Esquecem-se os espinhos
guardados em segredo,
escondidos num novelo,
enredado nas suas histórias.

Perdi o medo, perdi a memória,
tenho ânsia de vento,
recebo aguarelas.

Quero ter-te,
dar-te em glória
as minhas imagens,
pequenas vitórias.

Tropeço em seixos,
sei-os lisos pelas águas,
molham as ondas,
canto glórias.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

                    A todos, umas boas-festas!


A voz foi rasgada num ímpio gesto
afogando os dedos bruscamente.
Diz a sabedoria, volta, é certo
esquecendo as horas no caminho.
Espinhoso é o silêncio que silencia.
Mais um passo, mais um dardo,
tarda o amanhecer.
Violam-se regras, quer-se alegria
mesmo temperada, é viva.
E escuta-se os pássaros no seu recolher,
amanhã é outro amanhecer.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Pedem-me os dedos, dou a mão,
velozes os acontecimentos,
nada pode ter sido em vão.
Reguem-me as flores,
carreguem-me o caixão,
hei de vencer no mar
não importa a transformação.
Velozes os acontecimentos,
nada foi em vão.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

De verdades tão longínquas
acordo para as manhãs não proferidas
descobrindo que a seiva
foi sangrada lentamente
derramada pelo tronco das árvores
que tentam respirar.
Amanhã haverá novo corte
outras chorarão o seu fim
sem que o machado tenha perdão.




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Foram poucas as flores que foram regadas,
greta a terra, secam as plantas,
perder-se tudo demais.
Não se as querem cerradas,
sejam cores espalhadas,
sejam prados virgens
de quem tem tanto a dar.
Hoje fugiram-me as palavras,
foram para essas terras bravias
correram e brincaram, fizeram fantasia.
Fiquei muda a contemplar
- nada mais havia a fazer
e pensei no lugar em que estava
cheia de harmonia, liberta e não contida.
As flores não se querem presas.



domingo, 29 de novembro de 2015

Passam os dedos de fininho
no caule de folhas bravias.
Haveria de ser sempre assim.

Pousam gaivotas,
há um mar que se revolta,
voa areia arrastada por rajadas.
Há um inverno que se avizinha.

Pousam prosas,
escreve-se na terra fria,
arrefecem as mãos,
continua-se, em teimosia.

Solta-se a música
liberta-se a paixão.
Há-de vir o dia.


sábado, 28 de novembro de 2015

Correm as ondas pela praia
enquanto o vento carrega fortemente
as imagens das águas:
- Náufragos de barcaças,
incautos nas travessias
caem marinheiros
cem mil vezes em vazio.
Gritos de desespero vindos da areia,
desespero pelo fim de vida,
sem que compreendam que a natureza
não pertence a ninguém. 


sexta-feira, 27 de novembro de 2015


Tanto tempo de favo,
tanta sementeira a colher,
tanto espaço para ser preenchido,
tanto silêncio indefinido.

Troco os Deuses do meu caminho,
quero compreensão, entendimento,
mostrem-me o caminho,
tanta sede de alimento.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Tarde que finda na sua calma
alheia a quem ainda teme
a noite do sono profundo.
Queria amar as estrelas,
ser seguidora da lua, encontro nu
na natureza que não finda.
Sigo-te, não sigo,
temo o teu juízo.
mas se as marés
envolvem a nossa fé.
porque recearei tanto?
Estás, não estás,
noite que chega sem aconchegos.
Quero paz.


domingo, 22 de novembro de 2015

Antes de nasceres já conhecia as travessias
do riacho da minha infância,
davas-me a mão, dizia,
nunca me largarias.
Tive os meus saltos de pedra em pedra
ousando o meu medo em cada tentativa
mas sabia-te lá, guardiã dos meus segredos,
confiante que nas encruzilhadas ajudarias.
Falaste-me em feno, dei-te erva em liberdade,
gostaste do que apanhaste.
Não acreditaste quando te disse
que a noite tem histórias insolúveis
onde preencho algumas
todas em transe de loucura
uivando à Lua como se fosse una.
Desacreditaste-me, era tua,
eu que nunca fui de ninguém
e rompi os entrançados feitos de barro
que me uniam ao teu abraço.
Nunca to disse, não era necessário,
quebrei em mim todos os laços,
não os queria ao acaso,
folhas queimadas em ramos verdejantes
explorando sempre mais adiante.
Hoje sou pertence de um prado
onde viajo, onde me encontro
onde me tenho ao acaso,
casca rasa de tanto defraudada.

- Fala-me das rosas que podavas.
Fala-me da natureza que prendeste
aos canteiros da tua beira
onde és senhor e obreiro.
Fala-me da música onde te desaproveitaste,
dos traços mal desenhados
que querias que acontecessem.
Esqueceste a hora onde anoiteceste

e perdeste-te.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sentes o corpo prisioneiro
nas raízes dos dias já plantados.
Tens mãos de água para construíres cascatas
entre as pedras antigas que ao teu lado adormeceram.
Mas mentiram-te,
não havia rio nem tão pouco um poço
onde estivessem escondidas as sombras destruidoras.
Antes deram-te pedaços de fio e chamaram-lhe túnica,
disseram-te que não eras única,
os caminhos batidos são os que não são esquecidos.
Calcorreaste-los sem saber o sentido,
abandonaste o teu destino
mas a melodia não se perdeu, antes entendeu,
juntou-se em cordões e procurou,
vasculhou aldeias, fez fogueiras
nas noites de breu.
E uma nota encontrou-te e tocou
a eterna música dos separados.



sábado, 14 de novembro de 2015

Entre o silêncio dos dedos
nasce outro tão grande
que carrega memórias de seres
anteriores a nós.
Sabem-no as cotovias,
escondem-no árvores antigas,
dizem-nos os antigos
àqueles que ainda querem escutar.
Palavras prenhas de antiguidades,
preciosidades quase escondidas.
Renascê-los, torná-los companhia,
pinto-lhes uma tela onde eternizam. 


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tens o teu futuro nas mãos,
diziam-te enquanto a tua vida lambiam,
tocavam-te na fonte e te benziam,
esfregavam as costas e sorriam.
Tens sóis, cores que desconheces,
voos rasantes e outros feitos.
Mas vieram as trepadeiras,
os muro ficaram sobrecarregados,
as janelas, anseios de liberdade.
Tomaste nas mãos as pedras soltas
que em tua volta caíram sem saber
onde pousava o leito do rio.
Não existe, disseram-te por fim,
quando a roupa do corpo não passava
de memórias tão antigas quanto mãos de mãe
a acariciá-las novas.
Eram de rosas, sem espinhos nem agruras
feitas de novelos frescos vendidos como seguros.
Eram ferozes, rompiam a terra amanhada,
seca agora de tão usada.
Pego em adubo fresco ao toque,
inspiro o odor a natureza no seu forte,
não sei onde aporte
mas levo pedaços de mim.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Voz segura de quem tem a distância
dos enredos que acabam por acontecer,
mãos de veludo, corpo manso,
imagens do presente de clareiras floridas.
És vida, és gente,
corpo diferente de uma vida iniciada,
sopro de voz que requer caminhada.


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Deitada a um canto
enquanto a longa manhã
espraia nas ondas do mar.
Desistes de todas as paisagens
desenhadas numa memória tão antiga
quanto essa dura melancolia,
esmagando as ameijoas na areia.
Não foste de mão erguida,
antes punho e teimosia,
rompendo as auroras incautas,
cantando o anoitecer em histórias.
Quiseste carvalhos, tiveste freixos
sem saber tão pouco
ouvir um instrumento.
Sobraram-te mãos tão vazias,
mesmo com essa magia que sabes existir
e estendes-te tão sozinha.








quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sentavas-te na beira do lago,
pés desertores nos juncos
enquanto as pedras formavam caminhos.
Não tinhas pressa,
ainda não a tinhas inventado,
antes escorrias areia dominando as leis
feitas pelos Homens adultos.
As mãos aveludadas pela inexistência
do tempo que não te era pedido,
grotesco desenho de uma realidade
imaginária qualquer.
Mais tarde alongarás os dedos,
pedirás estes e outros segredos,
resgatarás volúpias e enredos,
perderás o tempo do tempo.
mas as árvores continuarão no seu enlevo.



sábado, 31 de outubro de 2015

Quero desejar ser vida entre os teus dedos,
saber que te vivo na muralha do silêncio,
ondo povoam os nossos contornos
feitos de ramagem verdejante.
Quero procurar e encontrar-te
nas noites aglomeradas de pontos cintilantes
onde fazemos nascer histórias só nossas
contadas num livro imaginado qualquer.
Viver-te em glória e por fim
escrever-te em ardosa.



sábado, 24 de outubro de 2015

Não te pedi que soprasses as nuvens
para o horizonte longínquo da minha sombra.
- Daria tudo por o fazer.
Não misturei o odor dos meus cabelos
nas grinaldas que te queria oferecer.
- Soprei-as mansamente.
Estendo-te as cores de um coral escondido,
quero contigo ser,
um ponto firme no linho.
Rodam os remoinhos dos medos antigos,
secam as pálpebras e faço-me a um qualquer caminho
tentando ter-te e ser sem ti.
Quebram amarras neste alvoroço,
dar-te e nada esperar ter,
poetizar e amar.






quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Calam-me cem mil vezes,
cem mil vezes ergo a voz,
cem mil vezes quebram-me.
Calo-me num rompante,
não serei como antes,
distancio-me dos restantes.
Erguem-se vozes em contesto,
não lhos direi, sei o que quero.






Botas que marcham no meu país,
sussurros por aqui e ali,
contestações e ardis.
Gigantescas as palavras
de todas as vozes que já foram apagadas.
Não sei onde vivo,
quero construção e não desígnio.


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Veio do pó das botas do caminho,
não contido e bravio,
palete escura que não vislumbra.
Veio num dia solarengo
escorregadio como água de fonte
alagando quem a defronte
ensopando o conhecido.
Molha a borda do vestido,
escurece de lama os botins
perderam-se os versos de romance
ergueram-se as distâncias dos confins.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Vozes do outro lado do rio,
encontro de amantes em dias festivos,
um curso de água límpida.
Caminho alheio que desço,
folhas estaladiças nas margens,
erva viçosa errante,
carvalhos que compreendem o tempo,
vida num sopro cantante
onde me deleito expectante.



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Manhã submersa de nevoeiro
onde tocam guitarras perdidas.
Adensam-se as formas imaginadas
golpeando o ar em gestos esquecidos.
Sente-se o odor das folhas caídas
em Setembro que finda.
Vão os homens de regresso
ao trilho cem vezes trilhado
esquecendo a cor da terra pisada. 




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Em cada palavra, a história,
em cada história, a imagem,
em todas, as recordações entrelaçadas.
Solto a música, liberto a alma,
quero vozes, quero sabores,
aragens de outras margens.
Quero ter-me, quero a graça
de ver beleza em todas as margens.




segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A consciência da nudez das mãos
enquanto rodopiam imagens sem sentido.
Frágil como uma folha outonal,
a simplicidade na pele.
Ergue velas de vento vazio,
funem com ferocidade levando
o débil barco sempre em frente.
Dizem que é lá que estão os prados floridos,
insensatos, inconscientes, como só os felizes
conseguem escolher.



domingo, 13 de setembro de 2015

Perscruto a noite, o silêncio
é a arca dos pensamentos sombrios
escurecidos pelos anos resguardados
no bafio dos cantos ocultados.
Quero luz, dão-me luz, não sei alumiar
o único ponto que verdadeiramente interessa.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Sento-me na noite escura de candeia
acesa. O murmúrio dos animais nocturnos
são cantares antigos que me cantam
os sete mandamentos do guerreiro.
Falhei-os todos.
Afio a espada lentamente respirando
a brisa que canta o lamento dos medos antigos.
Hoje sou ouvido da noite e despido da armadura
que encerra a minha condição.
Raspo o tacho ainda quente
sabendo que o corpo é uma condição
tão ínfima na floresta que me cerca.
Sopro a consciência abarcando cada árvore
escondida no negrume que me cerca.
Estou vivo, sou vivo, sou
a alma da clareira.




Ode aos ivros

Tenho um mar de letras,
palavras e histórias pela noite,
tenho comigo a fonte,
tenho contos e narrativas,
tenho livros,
memórias confundidas com a vida,
caminhos que nunca se abririam
se os meus olhos ávidos não os perseguissem.
Noites imortais, o mistério de todas as coisas
tenho passado, presente e um futuro persistente,
tenho tudo na minha mente.



Paixão a três notas

Desperto os dedos em lenta melodia
percorrendo cordas e acordes
acendendo paixões, aquecendo melancolias.
A música desperta sentidos, abraça afagos,
pede carinho e beijos sortidos,
pede palavras e acasos.
Deixo-a perdurar, alongo-a até extravasar,
quer-se vida, quer-se amar.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Lentamente, como se todos os passos
fossem cuidadosamente estudados,
largo cada gesto, cada espaço,
desprendo-me ao acaso,
liberto-me sabendo então
que um dia há-de ser
um espaço dourado a conquistar.
Esqueço as mãos,
as nervuras de todo o corpo,
a verdadeira ascensão provém
da alma intocável
e eu quero ser pássaro.





terça-feira, 1 de setembro de 2015

Pátria

Ontem, tão nova,
hoje grassa a erva proclamada,
no meu país de alma desamparada.
Penso alto, penso estagnada,
quero acreditar
pátria amada,
tenho ventos, tenho desertos
traições que não concerto.
Olho distante,
raízes já distantes,
quero tudo, tenho nada.
Olho ao alto,
país de difícil desenvolto,
não sei por onde procure,
quero ser, quero pertencer,
dá-me o acontecer.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Solto a gárgula da parede
liberto Deuses e Deusas,
danço loucamente no pátio,
espalho palavras ao acaso,
e grito, sei-me livre,
tenho apenas acasos,
onde me sinto, onde ajo
onde sou e contraceno,
tenho personagens no ato,
tenho tetos e abraços,
tenho nada, tenho pedaços.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Solto as asas como se o vento
fosse a extensão da minha vida,
toco nos anéis de sol que marcam
o caminho dos peregrinos e sei-me
una com a terra que tudo germina.


Cinquenta anos no deserto
enquanto a areia devora o rosto,
mãos receosas, pele rugosa,
corpo cansado de esperas,
olhos desabituados de encontros.
Batam firme, batam em terra,
não divaguem em pedras,
procuro ar, procuro firmeza,
carvalho no firmamento.



domingo, 9 de agosto de 2015

Vieste de longe
procurar quem não sou,
pétala caída num jardim esquecido.
Tomaste-me as mãos
pensando na firmeza de outrora,
frouxas como sei,
onde as estrelas não iluminam,
porque me fizeste isto?
Caí, de onde não sei,
por ti, para ti, nunca por quem fui,
passado que se oculta,
onde se chora?
Onde foi o caminho perdido
de todos os meninos esquecidos,
onde fiquei extasiada de pasmo,
onde deverei estender o meu regaço?








sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Procuro-te na luz difusa,
onde escondes a tua essência,
nos jogos de sombras,
nas palavras discretas,
doce voz de poeta.
Encontro-te em todas as esperas
nos novelos mal preenchidos
onde estabeleço parcos pontos de equilíbrio
querendo sempre mais deste deserto
onde me vou consumindo.
Falas-me de outra era,
nem passado nem vida a dissipar,
caminhada por dar
mais perto do vento,
mais perto de te amar.





quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Queria falar-te de glórias passadas,
de campos de batalha ganhos
terreno conquistado.
Desejava dar-te em afagos
paz instaurada, amor suplantado,
um pouco de luz em dias anavalhados.
Temo ter visto tão pouco
e tão pouco ter trazido
para que te sirva de conforto,
um ponto de encontro,
restauro num mundo louco.
Oferto-te pedaços de erva,
raiz de um tronco,
suavidade no toque da terra,
uma brisa no teu rosto.






Procuraste verde folha,
no prado longínquo do destino,
amealhaste restos de bagas
do arbusto esquecido no trilho.
Sobrou-te uma mão vazia
para estender caminho.






Folhas das árvores, por quem chamais?
Volve-me lágrimas o silêncio com que retornais,
procuro a seara certa onde a semente desafronta
e de uma só voz se levanta enfrentando
a terra seca e dura.




Crescem as manhãs descolorindo as pétalas,
rega-as um intenso sol alheio
desmentindo fendas, calcinando sulcos,
expandindo raios onde não existiam,
sempre sorrindo, sempre sorrindo.
Voam sopros de terras,
agitam-se águas estagnadas
estalam ramos, movimentam-se bandos,
chegam sombras, cobrem-nos como mantos,
vergam girassóis, escondem campos,
estreito os olhos, apelo ao descanso,
espero a noite, ausência de anseios.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

Falavas-me de amor e estou cinzel  
perdida num campo deserto
esculpido pelo vento do tempo.
Sei que estou perdida em guerra infindável
sem que conheça as armas,
sem condições de as depor.
Mas ouço o cântico perdido
do mar em noites de verão
onde escuto o teu chamamento
ecos de longa paixão.
E tento despir este ser incómodo
esta dor de permeio, este estado de agitação,
a manhã tem de ser nossa,
as tréguas, a ressurreição. 





sexta-feira, 17 de julho de 2015

O sol já não tarda
na noite fria que o verão compôs.
Fossem todas as sombras e clareiras
margens de um rio sinuoso
prenhe de vida para lá fronteira
descê-lo-ia numa jangada,
tronco com tronco amarrado,
pertences de um qualquer passado
que ainda o tenha de usar.
Despojar-me-ia do meu nome,
segurar-me-ia ao cordame
e agradeceria aos Deuses
a liberdade de voltar.




quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sabes,
às vezes o cansaço é tanto
que mergulho em pautas melódicas
só para me lembrar
do suave toque dos teus dedos
para me anoiteceres.




quinta-feira, 2 de julho de 2015



Abre-se o jogo,
fecha-se o cerco,
espalham-se os animais,
atira-se às feras.

Não falhar, não tombar
deixar de ser o circo,
acabar, derrubar,
lutar em nome dum deus sisudo. 


domingo, 28 de junho de 2015



É de cor incerta
que te escrevo estas palavras
ecos em paredes por preencher,
no tempo perdido
onde não sei onde me encontrei.
Como talvez agora
na incerteza das folhas onde te procurei.
O quanto te amei.


quinta-feira, 7 de maio de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015


*foto retirada da net

Volúvel norte, perde-se a proa,
sopra o vento contra o velame,
agiganta-se a onda.
Quebram-se cabos,
quebram-se amarras.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015




Por fora.
Por dentro.
As malhas vão apertando
mas sacudo as águas estagnadas.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

[Monet]





Forma-se um lago nas mãos luzidias
que tenta chegar às margens lambendo as extremidades insensíveis
deparando-se com névoas
incapazes de quebrar as barreiras invisíveis.