domingo, 22 de novembro de 2015

Antes de nasceres já conhecia as travessias
do riacho da minha infância,
davas-me a mão, dizia,
nunca me largarias.
Tive os meus saltos de pedra em pedra
ousando o meu medo em cada tentativa
mas sabia-te lá, guardiã dos meus segredos,
confiante que nas encruzilhadas ajudarias.
Falaste-me em feno, dei-te erva em liberdade,
gostaste do que apanhaste.
Não acreditaste quando te disse
que a noite tem histórias insolúveis
onde preencho algumas
todas em transe de loucura
uivando à Lua como se fosse una.
Desacreditaste-me, era tua,
eu que nunca fui de ninguém
e rompi os entrançados feitos de barro
que me uniam ao teu abraço.
Nunca to disse, não era necessário,
quebrei em mim todos os laços,
não os queria ao acaso,
folhas queimadas em ramos verdejantes
explorando sempre mais adiante.
Hoje sou pertence de um prado
onde viajo, onde me encontro
onde me tenho ao acaso,
casca rasa de tanto defraudada.

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