"De todo o lado, sinos e telhados. O frio construíra uma nuvem gelada em
torno da união das pequenas janelas que sobressaíam dos amarelos, verdes e
azuis dos edifícios. O vento gelou-lhe o nariz, as mãos escondeu-as nos bolsos.
Sinos e sinos, a cidade parecia que enlouquecera. Luís pôs o braço em cima dos
seus ombros e puxou-a para si.
- Aqui não há engarrafamentos nem pressas. Subimos à época medieval onde
a igreja é mais importante e o centro. Onde Deus impõe a sua presença para que
nunca O esqueçamos. Certo? Errado? Deus não existe e apenas fomos alienados? Ou
será a nossa pressa que nos leva a ignorar? Escute os sinos, Ana, sinta cada
vibrar, ouça a conversa que surge entre eles. Feche os olhos, concentre-se no
som, só no som. Esqueça esta paisagem, esqueça tudo à sua volta, o vibrar ao
longe, o metal frio, os diferentes sons reproduzidos. Um, outro, vários, de
todo o lado. É impossível negar que lhe é indiferente porque os ouve e os sente
vivos, como se o seu badalar não fosse produzido por seres humanos, mas por
autorrecriação. Mas os sinos que ouve são várias vozes, não uma só. Um deus
multiplicado em vários."
"diz-me tu, o que é o amor?". gratuito https://www.kobo.com/pt/pt/ebook/diz-me-tu-o-que-e-o-amor
Sem comentários:
Enviar um comentário