sábado, 20 de julho de 2019


"De todo o lado, sinos e telhados. O frio construíra uma nuvem gelada em torno da união das pequenas janelas que sobressaíam dos amarelos, verdes e azuis dos edifícios. O vento gelou-lhe o nariz, as mãos escondeu-as nos bolsos. Sinos e sinos, a cidade parecia que enlouquecera. Luís pôs o braço em cima dos seus ombros e puxou-a para si.
- Aqui não há engarrafamentos nem pressas. Subimos à época medieval onde a igreja é mais importante e o centro. Onde Deus impõe a sua presença para que nunca O esqueçamos. Certo? Errado? Deus não existe e apenas fomos alienados? Ou será a nossa pressa que nos leva a ignorar? Escute os sinos, Ana, sinta cada vibrar, ouça a conversa que surge entre eles. Feche os olhos, concentre-se no som, só no som. Esqueça esta paisagem, esqueça tudo à sua volta, o vibrar ao longe, o metal frio, os diferentes sons reproduzidos. Um, outro, vários, de todo o lado. É impossível negar que lhe é indiferente porque os ouve e os sente vivos, como se o seu badalar não fosse produzido por seres humanos, mas por autorrecriação. Mas os sinos que ouve são várias vozes, não uma só. Um deus multiplicado em vários."

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