[Dali]
Toquei com a mão na pedra, três vezes levada, três
esquecida, três negada. Levantei o corpo cansado, três vezes estafado, três
vezes desistente. Soprava o vento do passado, de todas as vozes levantas, tão
perdidas no meio do medo. Sobravas tu que nunca desististe, rosto tão
memorizado, a voz que vem sempre quando o corpo está desesperado. Entreguei-te
as minhas mãos quando o mundo não era mundo, sempre vieste e agora tão só onde
te posso encontrar? Olho-me no espelho, não me vejo, não sou aquela que outrora
contigo esteve, perdi-me por aí neste espaço absurdo. Não sei o que me resta,
a espera, o encontro ou a procura entre as pedras que não me querem.
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