terça-feira, 30 de julho de 2019

[Dali]


Toquei com a mão na pedra, três vezes levada, três esquecida, três negada. Levantei o corpo cansado, três vezes estafado, três vezes desistente. Soprava o vento do passado, de todas as vozes levantas, tão perdidas no meio do medo. Sobravas tu que nunca desististe, rosto tão memorizado, a voz que vem sempre quando o corpo está desesperado. Entreguei-te as minhas mãos quando o mundo não era mundo, sempre vieste e agora tão só onde te posso encontrar? Olho-me no espelho, não me vejo, não sou aquela que outrora contigo esteve, perdi-me por aí neste espaço absurdo. Não sei o que me resta, a espera, o encontro ou a procura entre as pedras que não me querem.

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