segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Dou-te o meu tempo
onde escondo um abraço,
onde afago o teu pelo.
Não estás, mas as paredes
guardam silenciosamente
os teus passos para o meu regaço.


(de onde nunca saíste)



sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Queria dar-te tudo,
a minha sombra,
a tela onde me reconheces,
a luz dos meus cabelos.

Não reconheceste o início
de todos os inícios.
Primordial.
Agreste.
Violento


Pensava que todas as rosas
preenchiam o teu jardim
canto do teu canto
aroma pueril.

Foste mais longe
não esperaste por mim,
dor da minha dor
flor do meu jardim

domingo, 15 de janeiro de 2017

Recolho a hora do dia. Gostava de te dizer que estou em paz mas carrego pesos que nem sei de onde vêm. Dou-te o meu olhar castanho. Tudo o que te posso dar. Voa por mim que ver-te-ei no céu azul.



Dizem: é pela alvorada que os girassóis abrem para o sol. As primeiras cores pintam os campos lembrando ao galo o despertar. A primeira luminosidade preenche o corpo de franca energia.
Os cães ladram uns para os outros. O movimento começa.

Quando vem o anoitecer todos recolhem ao silêncio deixando espaço para os animais nocturnos.

Não sei porque te conto isto, tu sabes que quando se corre o vento leva as sombras, a chuva dissolve-nos na natureza e o frio faz-nos aproximar.

Tu sabes.


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O tempo arrastou-me sem piedade. Nem o vento, nem tão pouco a distância o fizeram parar. Hoje tenho os teus retratos, preciso da tua presença. Mas não te chamo, foste sem poder olhar para trás. Para mim, para os braços que teimam em querer abraçar-te.






(tenho tantas saudades tuas!)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Entrei em casa. Esta casa já não é a minha mas entrei. Tudo estava nos seus lugares, o sofá estafado, o escritório desarrumado, a cama por fazer. Reconheci tudo menos o silêncio. Não, esta já não é a minha casa, somente retalhos de vivências antigas. As de hoje, essas, estão perdidas num canto qualquer enquanto procuro a minha casa.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Levem tudo,
os velhos casacos nunca substituidos,
a cama ressequida de movimentos antigos,
as telas, histórias e pautas esquecidas.

Levem tudo, até a mim,
não regressei completa
perdi partes por aí.
Seja um fado, um hálito amargo,
um conhecimento desesperado,
sim! Levem-me. Ver-vos-ei no fim.



terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Espero-te todos os dias
sabendo que és vento
na garganta de uma serra.
Ontem sonhei-te,
ou antes tivesse acontecido.
Tinhas a liberdade no olhar,
o sorriso das flores,
o calor do teu corpo.
Mas foste rasgada ao tempo,
adormeceste em mim.

(lembras-te da praia?)

O silêncio flutua
em todos cantos
marcando os teus passos,
frios como frios estão
os braços que te envolviam.

Agora falo de ti
como se longe estivesses
e eu numa espera que não vem.

(mas é onde estás)

Queria ter-te dado
palavras infinitas
mas não sou heroína,
tão pouco corajosa.

Dou-te um amor
mais longínquo-o
do que o horizonte,
tenho sonhos onde estamos
mesmo não os tendo.