- Carlos? – Chamava o inglês com uma pronuncia estranha.
Acordaste só para dar cigarros e assim soube de ti, Carlos.
Eras estranho, nem sei em que sentido deveria dizer, passavas o tempo com palavras simuladas que eram para ti uma verdade religiosa e final. Do que dizias muito ouvi, em muito acreditei, em muito desiludi-me contigo, em muito deixei de acreditar na tua brisa.
Darias um livro, sabias? Um dia escrevi-o, mas deitei-o fora. Porque tu não te resumias às verdades verdadeiras, também quando te esquecias eras amigo quando a bebedeira não estava no auge.
Um dia morreste de cirrose e nem ao funeral fui, não me avisaram. Restas-me estas memórias e outras, no tempo em que acreditávamos que podíamos mudar o mundo, com ou sem whisky.
Teresa Durães
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