Hoje choveu um pouco, as flores brilharam, o rosto do povo
brilhou, mas não sabe o mal que faz à terra quando produzem o que não devia ser
produzido nestas paragens. Todos comemos, todos somos pactuantes, mas o solo
grita, as barragens descem de nível e ninguém quer saber. Três regas por dia
quando não devia acontecer. Nada percebo de agricultura, mas a água evapora nas
horas de calor e as árvores não bebem, bebe o sol, provavelmente mais sedento do
resto do Planeta. Somos inconscientes, não queremos saber, fazemos as nossas
regras ao nosso sabor e a água sofre, as barragens descem, o povo queixa-se
quando é o principal culpado.
Levantei voo e fugi de todos os laranjais, estou cansada da prepotência,
de todo o egoísmo porque não terei palavras para explicar aos meus filhos
porque terão de morrer em breve. Porque irão, como eu. As migrações começarão e
a guerra rebentará, seremos um produto do impensável, do indiscutível e perguntam-me,
o que tu fazes? Tanto quantos os outros, apenas tento ser um pouco menos, não
consigo viver nesta civilização tão viciada e disso tenho medo.
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