sábado, 26 de outubro de 2019








Atravessei um campo doloroso só para ali chegar, queria vida e vida queriam-me negar, tudo em nome da burla, em nome do aproveitamento, em nome da ganância. Para calá-los, para silenciá-los e conseguir respirar dei-lhes tudo, dei-lhes a minha sanidade, dei-lhes a minha loucura, dei-lhes tudo o que me pediram e pediram o máximo só para eu poder respirar. Tudo poderia ter sido diferente não fosse a minha necessidade de voar para longe, de esconder-me da escumalha.
São tantos os que habitam por aí, os que se aproveitam, os que não nos deixam, nós os que queremos apenas viver e nada mais, colam-se, pegam-se e sugam, sugam o sangue, o sopro.
Não, deixei de acreditar no ser humano, não os quero perto de mim, quero árvores e ervas, essas cujos nomes desconheço, mas nada de mal me fazem, antes, convidam-me, abrem-me os braços e dizem-me, anda para aqui.

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