[Paula Rego]
Chegaste ao pé de mim e falaste
na cor das tulipas, quiseste arrancar uma, mas dei um passo atrás e recusei. O
que é da terra, à terra pertence, tu sabias disso, mas a sofreguidão pela
beleza devorava os teus olhos.
Sentei-me na erva à espera
não sabia do quê, esperar é tudo o que não suporto, mas esperei, agarrei os
dedos até ficarem brancos e balancei o corpo até me acalmar.
O pôr-do-sol veio por fim,
com ele as carriças soaram o seu canto final. Esperei e nada aconteceu,
levantei-me e fui para casa. Talvez te quisesse comigo com a tulipa arrancada,
fingiria que não era nada, pediria um abraço apenas para esquecer tanta
tristeza acumulada. Não, isto não é amor, antes solidão.
Tão triste, amiga, e tão belo também!
ResponderEliminarGostei muito, mesmo!