[Chagall]
Numa manhã fresca igual a tantas outras,
um dia de primavera de sol ténue e gente calma, enquanto um barco de vela
enfunada cortava o rio uma mulher sentou-se na amurada, rosto distraído, mãos
no colo pousadas. Não sabia se se sentia desamparada ou a falta da presença dele.
Os movimentos do corpo foram cortados quando falou de outra. Talvez soubesse
quando as mãos deixaram de ser ansiosas e os olhos tornaram-se vagos, mas
tinham jurado amor numa juventude fugidia.
Fora um acaso, dissera-lhe, e acreditara,
notara nas mãos, no rosto tão bem conhecido e que já não era seu. Continuava a
amá-lo por isso dizia-lhe adeus junto ao rio, uma despedida silenciosa, a sós, porque
a sós ficaria.
Mais um texto com a solidão como tema. Mas muito belo.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
toda a solidão concentrada num pequeno texto
ResponderEliminarmuito bem descrita
beijo
Quando a solidão nos torna leves e nos faz voar, sonhando um abraço como no quadro de Chagall.
ResponderEliminarLindo, Teresa
Uma despedida sofrida, numa solidão silenciosa.
ResponderEliminarMagnífico texto, gostei imenso.
Teresa, continuação de boa semana.
Beijo.
Há encontros em desapego
ResponderEliminarem que a presença se torna
insuportavelmente ausência Insuperavelmente o movimento
do rio rumoroso entorna
as águas as mágoas vêm depois
Bj.