sexta-feira, 7 de junho de 2019



Cheguei a casa, um daqueles dias ondes as horas más foram estendidas. Procurei o teu sorriso, era tudo o que queria na solidão que sentia, mas encontrei-te zangada como se as horas fossem minhas e as tivesse vendido por aí. Procurei nos bolsos respostas para o absurdo que não compreendia, a porta da saída atrás de mim.
            Saí, saí para a noite desagradável como companhia, nem as estrelas via escondidas pelas nuvens. Não me sentia zangada ou incompreendida, estava numa estranha paz. Talvez o amor não seja nada do que é dito, talvez não passe de um vago momento de tão curto na nossa existência que nos esquecemos do arrebatamento inicial, do momento que de tão fugaz se conjuga no passado. 
O vento estava frio, sentia-me cansada e não queria ir para casa. Continuei a caminhar na rua deserta. Talvez a solidão fosse a resposta. Só com as corujas da chaminé da casa, só com os meus silêncios porque não, não queria amar.

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