Hoje citei cem vezes o meu nome em voz alta e cheguei à
conclusão que era o mesmo de há cinquenta anos atrás. É estranho dizê-lo e não
ouvi-lo de outra pessoa, mas mesmo assim fi-lo, não o fiz em frente a um espelho,
isso seria interferir na experiência de que o nome era o meu e não o de outrem.
Hoje olhei-me ao espelho cem vezes e tentei perceber se a
imagem refletida coincidia com a do cartão de cidadão, à parte da estranha
imagem cinzenta com que nos presenteiam, descobri que sim, era eu mesma, a
Teresa, mais velha, mais cabelos brancos, com os filhos adultos, mas sim, era
eu.
As minhas mãos têm mais rugas, talvez seja a parte do corpo
que me faz confusão, nãos os cabelos ou a cara, antes as mãos. Antes tinham
muita força, levantavam as crianças, faziam várias tarefas ao mesmo tempo e
agora não, são simplesmente mãos.
Quando era miúda pensava que as minhas mãos não mostravam
trabalho e olhava-as lisas, não calejadas, sabia lá que mais tarde tudo seria
diferente. Transformaram-se em mãos que ligam aos braços, à coluna e a um passo
de cada vez.
Muito dizem as mãos e a Teresa disse-as com o à vontade da plenitude, quando ainda se tem a vida na mão. Com discernimento e elegância.
ResponderEliminarBj.
O tempo vai passando e vamos envelhecendo o corpo.
ResponderEliminarNão a alma, que pode manter-se jovem até ao fim... Ou até depois do fim, para os que acreditam.
Teresa, um bom fim de semana.
E um Feliz Natal.
Beijo.
Nas mãos o espelho da vida
ResponderEliminarem todos os apeadeiros
Bj