terça-feira, 17 de dezembro de 2019



Hoje citei cem vezes o meu nome em voz alta e cheguei à conclusão que era o mesmo de há cinquenta anos atrás. É estranho dizê-lo e não ouvi-lo de outra pessoa, mas mesmo assim fi-lo, não o fiz em frente a um espelho, isso seria interferir na experiência de que o nome era o meu e não o de outrem.

Hoje olhei-me ao espelho cem vezes e tentei perceber se a imagem refletida coincidia com a do cartão de cidadão, à parte da estranha imagem cinzenta com que nos presenteiam, descobri que sim, era eu mesma, a Teresa, mais velha, mais cabelos brancos, com os filhos adultos, mas sim, era eu.

As minhas mãos têm mais rugas, talvez seja a parte do corpo que me faz confusão, nãos os cabelos ou a cara, antes as mãos. Antes tinham muita força, levantavam as crianças, faziam várias tarefas ao mesmo tempo e agora não, são simplesmente mãos.

Quando era miúda pensava que as minhas mãos não mostravam trabalho e olhava-as lisas, não calejadas, sabia lá que mais tarde tudo seria diferente. Transformaram-se em mãos que ligam aos braços, à coluna e a um passo de cada vez.

3 comentários:

  1. Muito dizem as mãos e a Teresa disse-as com o à vontade da plenitude, quando ainda se tem a vida na mão. Com discernimento e elegância.
    Bj.

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  2. O tempo vai passando e vamos envelhecendo o corpo.
    Não a alma, que pode manter-se jovem até ao fim... Ou até depois do fim, para os que acreditam.
    Teresa, um bom fim de semana.
    E um Feliz Natal.
    Beijo.

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  3. Nas mãos o espelho da vida
    em todos os apeadeiros
    Bj

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