quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Em cada palavra, a história,
em cada história, a imagem,
em todas, as recordações entrelaçadas.
Solto a música, liberto a alma,
quero vozes, quero sabores,
aragens de outras margens.
Quero ter-me, quero a graça
de ver beleza em todas as margens.




segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A consciência da nudez das mãos
enquanto rodopiam imagens sem sentido.
Frágil como uma folha outonal,
a simplicidade na pele.
Ergue velas de vento vazio,
funem com ferocidade levando
o débil barco sempre em frente.
Dizem que é lá que estão os prados floridos,
insensatos, inconscientes, como só os felizes
conseguem escolher.



domingo, 13 de setembro de 2015

Perscruto a noite, o silêncio
é a arca dos pensamentos sombrios
escurecidos pelos anos resguardados
no bafio dos cantos ocultados.
Quero luz, dão-me luz, não sei alumiar
o único ponto que verdadeiramente interessa.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Sento-me na noite escura de candeia
acesa. O murmúrio dos animais nocturnos
são cantares antigos que me cantam
os sete mandamentos do guerreiro.
Falhei-os todos.
Afio a espada lentamente respirando
a brisa que canta o lamento dos medos antigos.
Hoje sou ouvido da noite e despido da armadura
que encerra a minha condição.
Raspo o tacho ainda quente
sabendo que o corpo é uma condição
tão ínfima na floresta que me cerca.
Sopro a consciência abarcando cada árvore
escondida no negrume que me cerca.
Estou vivo, sou vivo, sou
a alma da clareira.




Ode aos ivros

Tenho um mar de letras,
palavras e histórias pela noite,
tenho comigo a fonte,
tenho contos e narrativas,
tenho livros,
memórias confundidas com a vida,
caminhos que nunca se abririam
se os meus olhos ávidos não os perseguissem.
Noites imortais, o mistério de todas as coisas
tenho passado, presente e um futuro persistente,
tenho tudo na minha mente.



Paixão a três notas

Desperto os dedos em lenta melodia
percorrendo cordas e acordes
acendendo paixões, aquecendo melancolias.
A música desperta sentidos, abraça afagos,
pede carinho e beijos sortidos,
pede palavras e acasos.
Deixo-a perdurar, alongo-a até extravasar,
quer-se vida, quer-se amar.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Lentamente, como se todos os passos
fossem cuidadosamente estudados,
largo cada gesto, cada espaço,
desprendo-me ao acaso,
liberto-me sabendo então
que um dia há-de ser
um espaço dourado a conquistar.
Esqueço as mãos,
as nervuras de todo o corpo,
a verdadeira ascensão provém
da alma intocável
e eu quero ser pássaro.





terça-feira, 1 de setembro de 2015

Pátria

Ontem, tão nova,
hoje grassa a erva proclamada,
no meu país de alma desamparada.
Penso alto, penso estagnada,
quero acreditar
pátria amada,
tenho ventos, tenho desertos
traições que não concerto.
Olho distante,
raízes já distantes,
quero tudo, tenho nada.
Olho ao alto,
país de difícil desenvolto,
não sei por onde procure,
quero ser, quero pertencer,
dá-me o acontecer.