terça-feira, 19 de maio de 2020






Trago os dias em caixinhas coloridas para repousar o cansaço. O sol fraco a aquecer os braços, a brisa roça a face e tantas histórias a empacotar.
Olhaste-me pedindo respostas que não conseguia dar, disseste que me amavas e que não compreendias porque me afastava. Olhei para o horizonte, para o mundo onde as vozes estavam caladas e as ruas não existiam. Sei que nada tens a ver com a culpa do Homem ou com a minha loucura, só procuro aquele bosque onde consiga passear e sentar-me numa pedra para sentir a vida. Tenho de ir para a terra do silêncio, para onde os pensamentos corram livres, chegar a casa, por fim.
Não te disse, fiquei silenciosa e esperei as palavras amargas onde tinhas razão. Eu queria, sabias? Queria saber amar, poder estar nesta terra e assentar, chama-me o vento e não consigo descansar enquanto não for, diz que estou mesmo louca, mas não consigo ficar. E enquanto não percorrer as árvores, as folhas, as raízes nunca serei completa. Sabias que era assim?

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