Ontem era ontem e decidi que não seria mais
hoje. Peguei na enxada, esperei que as minhas costas aguentassem, abri um
buraco para plantar um castanheiro. Coloquei as suas raízes no centro e com as
mãos cobri-as, mãos na terra, mãos na vida
Não sei se o irei ver crescer, será o meu
testemunho para as restantes árvores, será a minha homenagem aos Deuses que me
acompanham. Morrem os bosques aos poucos, morre a minha existência com eles, os
Genii[1]
fogem para longe e não regressarão. Os Deuses já retornaram às suas moradas e
não poderei senti-los entre os ramos, entre as ervas. Sento-me no chão, queria
tudo como antes, no tempo em que passeava na quinta dos meus avós onde o terror
era uma tempestade com os relâmpagos a iluminarem as serras e os trovões a
assustarem-me apesar de não conseguir tirar os olhos de tamanha demonstração de
força da natureza..
Mas o ontem não se repete e planto um
castanheiro na esperança de que um dia haja alguém como eu que adore as árvores,
a sua sombra, o tronco rugoso, a vida que emana, e sente-se encostado a ela
alheia a quem plantou e amou, mas apenas ouvindo as suas histórias da vida que
atravessou."
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um belíssimo texto.
ResponderEliminare castanheiro será uma árvore frondosa
e uma cotovia todas as Primaveras entoará seu canto
nos seus braços protectores
abraço