segunda-feira, 12 de agosto de 2019





Ontem era ontem e decidi que não seria mais hoje. Peguei na enxada, esperei que as minhas costas aguentassem, eu tão citadina, abri um buraco para plantar um castanheiro. Não sei se o irei ver crescer na minha vida, será o meu testemunho para as restantes árvores, será a minha homenagem aos Deuses que me acompanham. Morrem os bosques aos poucos, morre a minha existência com eles, os Dii fogem para longe, longe e não regressarão. Os Deuses retornarão às suas moradas e não poderei senti-los entre os ramos, entre as ervas. Sento-me no chão, queria tudo como dantes, no tempo em que passeava na quinta dos meus avós e o mais aterrador era uma tempestade. Mas o ontem não se repete e eu planto um castanheiro na esperança de tudo se remediar.

2 comentários:

  1. As árvores são reconhecidas: irás vê-la com flores e frutos. Tudo se vai remediando, até a saudade das memórias.
    o tempo, ele.

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  2. Bastaria o sinal para que a reconciliação se fizesse. Total. Mas, o ladrão do tempo subjugou-nos à vertígem da pressa. Ainda assim, o "castanheiro" estará disponível para lhe confessar as frustrações e alegrias de todos os dias. Com lágrimas e emoções vê-lo-mos medrar no seu manto protector.

    Bj.

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