domingo, 18 de agosto de 2019






Era um verão quente e já todas as espigas de milho tinham sido cortadas. Esperávamos a festa da desfolhada, um beijo para quem encontrasse o milho-rei, um futuro promissor. Esperava-se à noite o folclore, mas as o milho tinha de ser debulhado na eira onde em redor nos encontrávamos. Os pés livres dos sapatos apertados, as saias rodadas de qualquer maneira, contavam-se anedotas enquanto a pele era descascada. Quem teria o milho-rei e o seu amante? Riamo-nos enquanto os homens estavam nas tabernas, riamo-nos da sua imbecilidade, todas mulheres, todas donas do seu destino. Riamo-nos porque éramos donas dos nossos destinos mesmo sem o milho-rei.

1 comentário:

  1. Lembro-me desse ritual da desfolhado com o milho-rei. Era criança e divertíamo-nos imenso…
    Gostei do teu texto, Teresa.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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