Para ti, L., onde estejas,
Escrevo-te, mas não sei para que morada mandar, antes sabia,
no tempo em que não te tinha negado. Tenho tentado não pensar em ti, mas as
noites sucedem, uma atrás da outra como uma saga interminável onde estou só.
Das nossas recordações sobraram apenas os teus olhos castanhos que me
acompanhavam a cada passo que dava. Agora tropeço em todas as esquinas, caio e
ergo-me, esfolo-me e curo, tenho tantas cicatrizes para te contar, um desejo de
carinho por explorar.
O meu amor por ti nunca acabou, nem agora nem antes quando
te mandei embora, na época de todos os medos. Para ti escrevi tantas páginas,
encarnaste tantas personagens, vivi em todas elas ao teu lado mesmo sendo uma
criação das minhas mãos. Sei que as leste, sei que as sentiste nessa terra
distante onde estás, onde sempre estiveste, longe do toque dos nossos dedos,
das carícias pela noite, da tua presença.
E escrevo-te, escrevo-te desesperada pedindo o teu regresso,
acenderei uma vela para que saibas a minha nova morada, esperarei por ti em
todas as madrugadas.
Teresa Durães
Palavras com muito sabor a mel.
ResponderEliminarMuita gratidão no coração e muita luz.
Alguns amores são assim, duram uma vida.
ResponderEliminarGostei de te ler.
Um abraço,
Sônia
Que texto belíssimo, Teresa. E tão triste, tão triste que magoa lê-lo. Como tantas das coisas que escreves...
ResponderEliminarum texto muito bonito. gostei de verdade.
ResponderEliminarbeijo
Bonito, o texto. Dar o passo, reconsiderar, pesar o passado, são actos muito femininos.
ResponderEliminarManter a luz acesa é caminho feito.
Beijo.