quarta-feira, 15 de janeiro de 2020


Para ti, L., onde estejas,

Escrevo-te, mas não sei para que morada mandar, antes sabia, no tempo em que não te tinha negado. Tenho tentado não pensar em ti, mas as noites sucedem, uma atrás da outra como uma saga interminável onde estou só. Das nossas recordações sobraram apenas os teus olhos castanhos que me acompanhavam a cada passo que dava. Agora tropeço em todas as esquinas, caio e ergo-me, esfolo-me e curo, tenho tantas cicatrizes para te contar, um desejo de carinho por explorar.

O meu amor por ti nunca acabou, nem agora nem antes quando te mandei embora, na época de todos os medos. Para ti escrevi tantas páginas, encarnaste tantas personagens, vivi em todas elas ao teu lado mesmo sendo uma criação das minhas mãos. Sei que as leste, sei que as sentiste nessa terra distante onde estás, onde sempre estiveste, longe do toque dos nossos dedos, das carícias pela noite, da tua presença.

E escrevo-te, escrevo-te desesperada pedindo o teu regresso, acenderei uma vela para que saibas a minha nova morada, esperarei por ti em todas as madrugadas.

Teresa Durães

5 comentários:

  1. Palavras com muito sabor a mel.
    Muita gratidão no coração e muita luz.

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  2. Alguns amores são assim, duram uma vida.

    Gostei de te ler.
    Um abraço,
    Sônia

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  3. Que texto belíssimo, Teresa. E tão triste, tão triste que magoa lê-lo. Como tantas das coisas que escreves...

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  4. um texto muito bonito. gostei de verdade.
    beijo

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  5. Bonito, o texto. Dar o passo, reconsiderar, pesar o passado, são actos muito femininos.
    Manter a luz acesa é caminho feito.
    Beijo.

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