quinta-feira, 30 de maio de 2019



[Fotografia do Hubble]


Não me virei para te ver partir. Das estrelas roubadas, umas foram soltas, outras largadas ao acaso. Não tentei apanhá-las, não me pertenciam. Cintilaram no escuro, agora posso contá-las, mas perdi a vontade; fazem parte da natureza inalcançável e essa parte de mim está perdida numa bruma densa. Descobrir o passo seguinte. Dizem que é para a frente que se caminha: dir-te-ei para dentro.
            Percebi que em breve poderei soltar a minha loucura sem que alguém a veja. Tu não estarás para assistir nem te quero por perto, finalmente serei livre, sabias? Livre de todos os estigmas, livre daquilo a que me obrigam a ser. Não, não sou igual, quero céu e terei céu, quero árvores e terei árvores.
            Por isso não me virei para te ver partir. Roubaste as estrelas, terias levado tudo mais se não me tivesse apercebido e falaste em amor enquanto estiveste comigo.      

3 comentários:

  1. um bonito texto.
    estrelas perdidas deixam de contar...

    ResponderEliminar
  2. Vozes ao alto
    porque não basta ter razão

    ResponderEliminar
  3. Gostei do texto, é magnífico.
    E caminhar para dentro (também) é mesmo necessário...
    Amiga Teresa, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar