Chovia torrencialmente na noite de 17 de Janeiro de 1937. As ruas no Chiado estavam praticamente desertas, viam-se apenas os últimos convivas à porta do Grémio Literário.
Um carro preto parou no Largo da Biblioteca Pública, na estrada enlameada. De lá dentro, saíram quatro homens de gabardina até às orelhas para evitar a chuva.
Em passo apressado dirigiram-se ao número catorze e com os punhos desataram a bater violentamente contra a porta.
- Abram imediatamente em nome da DGS! - gritaram.
Ouviram-se passos apressados, a luz de um candeeiro a petróleo fez-se ver e um homem alto abriu a porta.
- Sr. António?
- Sim, sou eu.
- O senhor está preso por crime contra a Pátria. Faça o favor de vir connosco.
Uma mulher apareceu por detrás com uma barriga proeminente. Assim que os viu empalideceu.
- O que fez o meu marido?
- Como se fosse necessário explicar - disse um deles em tom de desprezo. - O seu marido é comunista, foi apanhado a assobiar a Internacional. Um traidor e os traidores da nossa nação não têm lugar entre nós."
Nini, Teresa Durães
(um livro a ser escrito)
Que nunca lhe doam as mãos
ResponderEliminare o pensamento
Bj
Promete, Teresa. "Atira-te" de cabeça, que eu fico à espera
ResponderEliminarUm tempo negro que não pode ser confundido pelas traições da memória. Daí a necessidade de ser permanentemente avivada a verdade. E, mesmo assim, há por aí marmanjos que não desistem da higienização das mentes em tudo o que é comunicação social.
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