"Disseram-me, estão a matar as árvores. Estremeci, talvez já
soubesse, talvez já tivesse sentido. Cada golpe um sonho perdido, uma conversa
calada, uma falha no gume das 7 espadas acima que os Deuses guardam. Matam-nas
sem saber quem matam, as folhas, os caules, as raízes que são vozes barulhentas
conversando ininterruptamente sobre todas as gotas de água que absorveram, sobre
a vida dos que viram passar ao longo das décadas da sua existência. Têm mais
memórias que os olhos baços dos Homens que se julgam gigantes nas suas terras.
Vivem no esplendor dos dias infinitos, abraçam os pássaros nos seus ninhos
contando-lhes histórias de predadores, abrigam os pequenos roedores nas suas
tocas. Por vezes, em dias de vento, cantam lamentos que lançam pelas serras,
tão longe, que os gigantes de pedra acordam e ouvem-nas.
Ignoram os Homens as vozes escondendo os olhos na terra
fecunda. Querem tomar o lugar dos Deuses ignorando as 7 espadas acima que
forjaram os cumes. Querem a sabedoria antiga desprezando a leveza de uma brisa.
Querem ser reis nos seus castelos erguidos. Em ruínas."
Teresa Durães, "7 espadas acima", 2019
Muito belo e tão real apesar de tão poético!
ResponderEliminarParabéns pelo novo título que lerei encantada
Tão poético e belo apesar de tão real
ResponderEliminarLá estarei nas folhas a ler o seu livro
Um texto magnífico, pejado de sentido poético. A autora, porventura narradora, tem uma mensagem de certo modo profética que urge transmitir para governo da humanidade.
ResponderEliminarNão tenho tido ocasião, mas, prometo percorrer linha a linha a obra que (graciosamente) disponibiliza.
Obrigado.
Por este texto poético posso perceber que vou gostar do teu livro, Teresa.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.