Ontem vi um horizonte, nele sonhei grifos, sonhei um Tejo
que não finda, sonhei todas as cores, sonhei uma imensidão. Há na incerteza a
angústia, mas por tantas incertezas passei, a angústia tornou-se uma personagem
da minha vida. E com ela também o riso, a tristeza, a confusão. Dizem, não é
fácil ser-se depressivo, digo, não o sou, antes bipolar, viajo por todos os
mundos e por eles todos tenho de ter cautela porque a sociedade não está
preparada para gente como eu, eu que levo uma vida perfeitamente normal, mas
também sou impulsiva, agressiva, desconcertante para vós, as minhas árvores e
os meus cães aceitam-me, vós não. Veio um vírus, ficaram confinados em casa,
veio um terror, vós que não estão habituados a terem a mente travada. E neste
mundo louco sinto-me sã, vós não. Vós que tinham as certezas perderam-se, eu
tenho os meus fantasmas que vivem em todos os estados, eu tenho-me, eu existo,
eu revivo todos os momentos. Mas condenam-me, os médicos, os outros. Agora em
casa, quem o faz? Quem são os loucos? Eu não, eu respiro, eu falo com quem
quero, árvores, ervas daninhas, cães e gatos e sou, respiro e vivo e digo a
todos vós, não me aceitaram, quem é louco agora?
Há 1 dia
Todos os dias
ResponderEliminaramanhã será outro dia
Bj