terça-feira, 19 de novembro de 2019

Ontem a minha cadela teve uma ninhada, ou talvez não tenha sido ontem porque os cachorros têm quatro meses e a mãe já não quer nada com eles. Eles que comam por aí, eles que vivam por aí porque chegaram à idade de se desenvencilharem e o tempo da maternidade acabou.
Ontem umas andorinhas tinham posto ovos num ninho e foi lindo ver as suas crias a rebentarem-nos e saírem, a pedirem comida e serem alimentadas bico no bico e a experimentar o seu primeiro voo até que a mãe as enxotou e seguiram o seu caminho. Pensando bem talvez não tenha sido ontem.
Ontem uma leoa teve filhotes, eram tão giros a brincarem até que um dos machos enfrentou o leão dominador e foi expulso da comunidade, não, não foi ontem.
Ontem tive filhos, eram uns bebés tão lindos, talvez não tenha sido ontem porque o primeiro foi embora cedo e o segundo a seguir, seguiram as suas vidas e nem os expulsei como as cadelas, pássaros, leoas o fazem.
Ontem a natureza chamou as crias que passaram a adultos de hoje, já nem sei porque confundem-se os dias e a liberdade chama os seus.
Hoje, tenho a certeza que foi hoje, os filhos foram, eu fui da minha mãe e ela da sua.


* Chamaram-me de Alien num outro texto por ter dito que os laços de sangue nada significam. E, para mim, laços de sangue não existem, existe natureza. Foi um exercício filosófico mal interpretado, mas não estamos aqui para servir os loucos?  A natureza chama, a natureza larga e todos somos natureza, estjam à vontade para contestar.

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