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É Janeiro e a lareira está acesa,
é Junho e a praia já tem gente; sento-me numa rocha, na areia, em qualquer
lugar e sinto o vento. Tenho memórias nas mãos, gritos sufocados, uma dor
persistente. Sei-me extremos, barco que navega pelas correntes, perdido no seu
rumo, fugindo de ambas as margens por onde passeia a loucura. Quando o caminho
clareia. Sei-me nesse outro lado onde ninguém vai, onde não há encontros e
persiste o silêncio.
É
noite, é dia, o desassossego é acompanhante, criem as malhas perdidas, resgatem
o meu som. É silêncio, frases perdidas na inconstante vaga."
Teresa Durães, in "O outro lado do silêncio"