quarta-feira, 22 de junho de 2016

As mãos não acordam
para o silêncio dos dias
levando consigo pedaços
de pétalas prenhes de histórias.
Corre o rio sem barqueiros,
deslizam as margens pedindo
a sinfonia do retorno.
Corre o corpo sem alcançar
a certeza das rochas.
Corre, corre, corre
enquanto o dia finda.


sábado, 11 de junho de 2016

Ouço o cantar da madrugada
enquanto os pássaros matutinos
fazem-se anunciar.
Há no sabor da noite vozes antigas
que guiam o movimento das mãos.
Há no sorriso paz.


terça-feira, 7 de junho de 2016

"É Janeiro e a lareira está acesa, é Junho e a praia já tem gente; sento-me numa rocha, na areia, em qualquer lugar e sinto o vento. Tenho memórias nas mãos, gritos sufocados, uma dor persistente. Sei-me extremos, barco que navega pelas correntes, perdido no seu rumo, fugindo de ambas as margens por onde passeia a loucura. Quando o caminho clareia. Sei-me nesse outro lado onde ninguém vai, onde não há encontros e persiste o silêncio.

É noite, é dia, o desassossego é acompanhante, criem as malhas perdidas, resgatem o meu som. É silêncio, frases perdidas na inconstante vaga."

Teresa Durães, in "O outro lado do silêncio"