[kandinsky]
Não, não tens de dizer nada, nem deverias ter feito essa
pergunta, não sei em que caminho nos dividimos, não sei onde te perdi, foi por
aí num equívoco qualquer, num episódio meu que não conseguiste aceitar, uma
personagem que não sou eu nem da minha escrita e por mais que grite, por mais
calma que esteja tu sempre pensarás em mim naquele dia, naquela cama, naquele
momento. Não tens culpa nem eu, há tanto na vida onde não existe uma razão, mas
ainda não compreendeste isso e não sei se um dia conseguirás. Entretanto olho o
teu retrato, relembro toda a minha luta, todas as vezes em que me calei só para
te proteger, na face que dei para te salvar de amarguras e tu escolheste um
caminho de enredos e enganos onde não poderei falar ou gritar, essa é a tua
escolha e sei que morrerei primeiro antes de descobrires a margem onde ancoraste.
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