“Desta vez é certo”, dizia um dos poemas do livro “365
Histórias de Encantar”,
- Desta vez é certo! – Enquanto abria pela primeira vez a
caixa do berbequim e tentava montar o punho auxiliar.
Para que serviria aquela palheta amarela? Não me parecia que
a broca encaixasse na ranhura.
Abro o manual, há sempre um manual complicado, nada explícito,
sem bonecada necessária com as
instruções passo a passo como eu preciso. Não, não mostra como se põe o punho e
quando dou por mim está tudo desmontado. Olho de novo para aquele instrumento
estranho, não pode ser difícil, tenho visto o meu amigo a utilizar aquilo
tantas vezes e nunca o vi meia hora à volta de um berbequim.
Olho de novo, será tipo lego? Tento encaixar o orifício com
cuidado pela parte da frente, vá lá, entrou, agora é só montar tudo de novo e
rezar para que não sobrem peças. Só falta encarar a parede, a bucha e o
parafuso.
A broca sabia qual era, não estava tão mal quanto pensava. Faço
um ponto na parede, ligo aquela coisa barulhenta quando apercebo-me que tem
duas velocidades. Afinal não li o manual como deve ser. Furo, furo, a broca
fica na parede, tiro-a, coloco-a de novo, furo até que tento pôr a bucha com a
ajuda de um martelo.
- Uma já estraguei. – Resmungo com os meus botões enquanto
furo um pouco mais, coloco outra e dou-lhe uma martelada. A seguir o parafuso.
Admiro a minha obra de arte maravilhada. Ainda bem que a
parede vai ser pintada porque devia ter colocado um pano quando usei o martelo.