Hoje vejo pó, vejo cinzas, vejo os Homens na loucura pelo
poder. Vejo terra destruída, água consumida em vão, árvores queimadas ou
derrubadas, vejo violação. Vejo tanto de tanto que os meus olhos se consomem e
a mente foge. Vejo e não quero ver, correm as televisões atrás de mim, refugio-me
nos prados quase inexistentes onde o carvão tenta invadir este espaço.
Procuro carvalhos, grifos e águias, lobos ibéricos que quase
já não os há, procuro montanhas que ainda não foram destruídas e vejo-me sem
caminhos, vejo-me só e cansada.
As vozes que ouço não passam de murmúrios e sento-me no chão
esgotada falando com as pedras. Dizem-me, a hora chegará, a tua também.