"Sei que o sonho que tive era mais do que uma mera ilusão - tu estavas lá,
à minha espera, como sempres estás. Nas minhas mãos, flores silvestres para te
dar. Sempre foste contra as flores aprisionadas num jardim bem cuidado, não
passam de mero adorno, sem alma presente.
Como sempre, fiquei calada ao teu lado, respirando apenas o teu odor (tão
próprio) que me faz e traz todas as lembranças de nós. Das palavras que te queria dizer, nenhuma saiu. Ficaram
envoltas na minha mortalidade tão aquém do tempo que te amo. Limitamo-nos a
estar juntos onde fluíam todas as emoções. Juntei pedacinhos de paus, pedrinhas
pequenas só para refrear o que te queria dizer. Não sei porque sou assim, sem
verbos nem melodias, mãos encolhidas e receios tão antigos. Tu vais muito mais
além, a tua sabedoria ainda me inquieta como se eu fosse tão frágil para
necessitar sempre do teu amparo.
Trago-te comigo em todas as viagens do quotidiano, na vela que acendo
para que saibas o caminho até mim, no bosque onde nos vemos todas as noites.
Nas pedras gigantes onde adormeço nos teus olhos.
Há tantos anos que nos amamos, quantos ainda temos para amar. Envio-te um
beijo numa folha perdida. Será mais um recomeço da minha entrega.
Teresa Durães"
in "Três quartos de um amor", Chiado Editora
Frágeis os cristais
ResponderEliminarmais fortes que o seu brilho
Que beleza de texto, Teresa...Bjs da girassol
ResponderEliminargostei muito do texto. belíssimo.
ResponderEliminarbeijo
A emoção que paira no mutismo!
ResponderEliminarcomo nús
um perante o outro
espanto embaraço de momentos
infinitos tempos...
Finitos, que o sangue circula de verdade
Um naco de excelente qualidade a desvendar a extraordinária beleza da alma humana.
Parabéns.
Que belo texto, Teresa! Cheio de sentimento e com muita intensidade emocional.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Sempre as palavras delicadas mas...
ResponderEliminarum sentimento de perda. É marcante no que escreves.
Abç