segunda-feira, 21 de outubro de 2019




Voei toda a noite porque estava desesperada. Uma ave como eu não é notívaga, os predadores estavam por aí, mas não consegui parar. Não me procuravam, talvez os rastejantes, nenhuma ave pensaria que eu iria percorrer o caminho da lua. Mas precisava de encontrar o meu caminho, um lugar apenas que para mim fosse seguro, um refúgio, quase como um lar. Sei que teria de dormir pela madrugada quando devia estar desperta, sei que o mundo seria virado do avesso por o ter provocado. Mas a necessidade de fugir era tão grande que voei pela noite fora. Queria tanto a paz do caminho até que encontrei uma reentrância numa das pedras antigas. As pedras não falam, disseram-me, que disparate, tudo o que pertence à natureza tem voz, presença, vivência e a pedra disse-me, deixa-te estar, eu protejo-te. Sei da loucura dos Homens e de eles eu fujo, enquanto não descobrirem as maravilhas da natureza estarei segura.

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