segunda-feira, 3 de junho de 2019


[Paula Rego]

Chegaste ao pé de mim e falaste na cor das tulipas, quiseste arrancar uma, mas dei um passo atrás e recusei. O que é da terra, à terra pertence, tu sabias disso, mas a sofreguidão pela beleza devorava os teus olhos.
Sentei-me na erva à espera não sabia do quê, esperar é tudo o que não suporto, mas esperei, agarrei os dedos até ficarem brancos e balancei o corpo até me acalmar.
O pôr-do-sol veio por fim, com ele as carriças soaram o seu canto final. Esperei e nada aconteceu, levantei-me e fui para casa. Talvez te quisesse comigo com a tulipa arrancada, fingiria que não era nada, pediria um abraço apenas para esquecer tanta tristeza acumulada. Não, isto não é amor, antes solidão.  

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