domingo, 21 de julho de 2019


[Anta de Adrenunes, Sintra]


Tentei tudo, o grito, a marcha, o poema. Tentei e fui vencida. Quantas palavras engolirei para ver que as uvas maduras pertencem a setembro e não agora?  Quantas escadas subirei para ver o extremo do mundo, erguer a minha bandeira e esperar o milagre que não virá? Descerei ao inferno, dez círculos infernais sem saber se existirão as dez esferas celestiais. Percorrerei as treze pedras da Regaleira e esperarei no Adrenunes que os Deuses regressem. Ninguém virá, eu sei, os Deuses abandonaram-nos cansados da nossa existência. E eu com eles.  

4 comentários:

  1. Continuamos sempre, mesmo sabendo que não vencemos. Uma espécie de Sísifo nos habita…
    Gostei muito do texto, minha Amiga Teresa.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  2. É um belo texto, Teresa, mas é necessário ter esperança de que os deuses um dia acordem e se lembrem de nós…
    Abraço

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  3. A luta inglória de Sísifo agora já nem é tanto carregar até ao topo. Muitos são os que elevam as muralhas que já não protegem, antes aprisionam. A subida não passa duma ilusão de movimento.
    Beijo.

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