quinta-feira, 9 de maio de 2019




(Almada Negreiros)
Vem de visita e sai voando quando está só. Vem ocupando o espaço largado e recuperando-o. Vem no tom do vermelho rubro passando-o a verde-claro. Vem pelo sabor do dia onde as histórias começam e acabam, o limiar entre o oceano e a terra ténue, caminho que salta onde as lendas começam no limiar da verdade e a ilusão e os mitos recontam todas as histórias.

Entrará um dia no imaginário e verificará que o existencialismo não é tudo. Abrirá os olhos longe de conceitos pré-estabelecidos e abraçará a humanidade e todo o universo. O mundo transformar-se-á sem que disso tenha consciência. Poderá não saber da magia das coisas e se os Deuses existem ou não, formará uma verdade sua. Com calma. Senta-se sem que descubra a não existência do seu ser nesse corpo. Com calma. Lentamente os seus braços mexem e com calma vai perceber. Vencer. A languidez. Contida. Os braços embrulham o corpo e a mente desliza. O lugar dos horrores; fugir dos terrores. Alcançar a estabilidade. Resvalar todos os sentidos e deixar espaço à vontade. Derreter na música e libertar. Enquanto o céu se enche de gotículas pesadas que mais tarde se derramarão; enquanto os verbos se conjugam; enquanto desbrava os dias cinzentos.

Diz-me tu, onde pousamos?



5 comentários:

  1. Ás vezes é bem difícil saber onde pousamos.
    Apesar de haver muitos lugares para o fazer...
    Magnífico texto, gostei imenso.
    Teresa, continuação de boa semana.
    Beijo.

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  2. pousamos no cimo da escarpa
    e
    voamos...
    belo texto!
    beijinhos

    :)

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  3. Um texto muito bom, Teresa. Não posem em lugar nenhum… Voem até ao lugar onde se perdem as sombras…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Cada um encontrará o desespero, a raiva, a frustração, o vazio... e finalmente o gás, a energia, a luz, a estrela, a individualidade no cosmos. Tudo em si.

    Boa tarde... de manhã, à noite nunca é tarde.

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