segunda-feira, 1 de junho de 2020





Fogem, fogem, mas não sabem para onde. Tudo são planícies por desbravar, um mundo diferente por descobrir. Morrem as correntes que moveram políticos, cortam-se amarras dos movimentos, tudo está diferente e, contudo, ninguém o presencia.
Formaram-se grupos para entendimento, governos provisórios que não entenderam que nada era repetido e o que foi já tinha acontecido. Juntaram-se os jovens, os que tudo perderam, aqueles que não terão o que já tinha acontecido e de mocas na mão, olhos agressivos e fartos dos mesmos discursos avançam. Mas não agridem, levantam-nas, ameaçam, fazem-se homens e gritam.
- Não, não somos vós que não nos deram um futuro. Terão a vossa sorte, velhos, não nos peçam ajuda.
E saem, saem para procurar abrigo como se fazia há mais de dois mil anos, caçam como se fazia há mais de dois mil anos e deixam os outros morrer porque são os seus assassinos.

1 comentário:

  1. Um texto que tem tanto de inquietante como de verosímil… Fantástico, Teresa.
    Um grande beijo,

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