domingo, 8 de dezembro de 2019



Gosto de rever os meus, mas já não são meus. Goste de visitar os amigos, mas também não são a minha casa. Todos temos de ter o nosso tempo e ele não é sobrecarregado com os outros a tempo inteiro. As raízes têm de ter tempo para ocupar o solo, saberem procurar água e nutrientes e nenhuma outra árvore estará lá para dizer. As pedras nascem sós e vivem uma eternidade, recolhem histórias do tempo e vivem sob o sol e a chuva, vivem com o desgaste do vento tal como nós. Dizem que não têm vida, talvez não as tenham escutado nem posto as mãos sobre elas para com elas conversar.

Dizem, somos diferentes disso tudo, digo, não é verdade, pertencemos a este todo, não, simplesmente não o entendem. Não só os animais vivos, os sencientes que há pouco tempo lhes deram importância, algo que sabia desde que me conheço, têm de ter a nossa consideração. Uma pedra antiga é tão viva como nós, um castanheiro fala-nos da sua vida e cada folha, cada erva tem a sua própria existência tão igual à nossa.

Não, não me venham dizer que há uns mais iguais que outros, Lenine disse o mesmo.  

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