segunda-feira, 27 de janeiro de 2020


[Gilles]

O negro do céu, a chuva persistente, nada lá fora é convidativo e recolho-me. O frio continua apesar da chuva, olho o monte de folhas que tenho para corrigir, insisto, desisto, procuro um meio fácil de não pensar, volto a considerar até que venho escrever estas linhas na esperança que o cinzento desapareça, na esperança de embalar e ressuscitar. Preencho o cérebro de pautas de música, vejo telas, procuro a arte que em mim não encontro e desespero com as mãos tão presas. O corpo encharcado em café, três voltas na sala, três vezes sentada, três vezes desesperada.
Tenho todo o sossego, tenho todo o espaço, por onde espreita o sol que me aquece as mãos e me devolve o sorriso? Onde caem os reflexos dos dias solarengos? E neste dia tão triste, neste dia tão acabrunhado não vejo mundos escondidos nem tão pouco consigo falar comigo. Fecham-se as portas vedando a chuva, as janelas quebrando o frio e levanto-me três fugindo dos mistérios da vida.

4 comentários:

  1. Olá Teresa.
    Li e neste dia hoje igualmente triste de chuva e frio, comunguei dos teus mistérios.
    Obrigado pelas tuas visitas.
    Deixo um abraço

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  2. Fiquei conquistado por palavras tão inspiradoras... pela escrita, pela bela escrita...

    Gostei muito da escolha da tela. Também tenho dificuldades de "produzir ao nível que espero de mim" neste tipo de dias... mais um pouco apenas...

    Abraço, boa semana e muita inspiração

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  3. texto muito bonito. e magoado
    a Primavera está a chegar e o sol brilhará,,,~
    assim te desejo.

    abraço

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  4. Mesmo numa porta fechada
    há sempre uma frincha que luz
    Bj

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