quarta-feira, 20 de março de 2019

"Ontem no emprego mandaram-me para um médico. Não sei se foi por verem as minhas mãos sujas de terra se pela minha roupa estraçalhada pelas silvas da noite onde dancei com os pirilampos.
Não era um mas dois. Inundaram-me de perguntas que não quis responder. Mas não aguentei, não aguentei e gritei que acreditava na república, na democracia, no voto, no governo. Acreditava na sociedade e por favor não me deem medicação, não estou louca, estou apta a trabalhar, a apanhar transportes, a pagar impostos, a votar. Serei uma cidadã exemplar mas não me deem medicação."

Teresa Durães, "7 espadas acima"

4 comentários:

  1. Mandaram-na para um médico?
    Se fosse um dentista lá teria de ser
    abria a boca
    Bjs

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  2. Não sei bem porquê, mas lembrei-me do Kafka!

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  3. Teresa, os gatos são os únicos animais que foram criados pelos deuses, são perfeitos, e nós temos o privilégio de privar com eles. Um viva aos gatos!!!!
    Acho boa a sugestão, vamos ver quando arranjo tempo disponível para ir a Lisboa, e nessa altura contacto!
    Abraço

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  4. A máquina nunca há-de ser inteligente, o bastante, para entender mãos sujas de terra.
    Beijo.

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