Enquanto sonhamos, enquanto sentimos o tronco de um
carvalho, enquanto visualizamos um voo de um grifo eu liberto as minhas asas e
vou ao seu encontro. Não sei se me querem encontrar, o meu odor a predador é
tão intenso, de tão forte que é escondem-se os animais das florestas, as
árvores encolhem-se. “Não!”, suplico, “Não, quero ser um deles, mas a eles
pertenço.” Prendo-me a pedras, sinto o seu pulsar e sei que terei paz, a paz de
mais de mil anos pois elas foram testemunhas da nossa vivência, da minha. Sussurro-lhes,
salvem-me e deixem--me voar, sei que também destruo, não sei viver de outro
modo, nada disso quero, por favor ajudem-me.”
As pedras na sua língua tão antiga que se perderam nos
séculos, aqueceram-me, “deixa-te estar, repousa em cima de mim como os pássaros
o fazem, como os habitantes dos bosques o fazem. Anda, descansa, talvez haja
solução, não para ti nem para os teus, faremos de nós uma lembrança do que tudo
aconteceu e quando o planeta se irritar nós permaneceremos. Talvez voltes como
um pássaro depois de todo o acontecimento, pousarás aqui e dir-te-ei, és sempre
bem-vinda.
"Talvez voltes como um pássaro depois de todo o acontecimento, pousarás aqui e dir-te-ei, és sempre bem-vinda. "
ResponderEliminarTalvez…
Uma boa semana.
Um beijo.